Monday, January 12, 2015

A Dependência Química à Luz da Psicologia Transpessoal

Texto: Eliziane Rosa

RESUMO
Este trabalho destina-se a apresentar as bases conceituais que consideram a drogadição e o alcoolismo como variedades de emergência espiritual. O termo, cunhado por Stalislav Grof e Christina Grof, se refere às crises de transformação e experiências dramáticas que podem se converter em processos de cura e oportunidades de elevação a níveis elevados de consciência. O estudo de caso constante deste trabalho descreve uma abordagem terapêutica à luz da Terapia Familiar Sistêmica, um método de tratamento segundo o qual alcóolicos e drogaditos se situam em um contexto no qual regras e comportamentos individuais e familiares se afetam mutuamente. Espera-se que este trabalho possa servir de suporte teórico-prático para que profissionais da psique dos mais variados segmentos possam experimentar e desenvolver trabalhos baseados no modelo sistêmico e nas terapias transpessoais voltados para dependentes químicos.

ABSTRACT
This paper aims to present the conceptual foundations of drug addiction and alcoholism as varieties of spiritual emergencies. The term spiritual emergency, coined by Grof and Christina Grof Stalislav, refers to a transformative crisis or dramatic experience that can be converted into a healing processes and an opportunity to rise to a higher level of consciousness. The case study included in this paper describes a therapeutic approach called Systemic Family Therapy; a method of treatment where alcoholics and drug addicts are placed in a context in which the rules and behavior of both individuals and family affect each other. Hopefully this paper can serve as a theoretical and practical support to psychiatric professionals, enabling them to experiment and develop work based on the Systemic Family Therapy and transpersonal therapies aimed at drug addicts.

A Dependência Química à Luz da Psicologia Transpessoal

Alcoolismo e drogadição

Texto: Eliziane Rosa

Variedade de emergência espiritual em enfoque neste trabalho, a dependência química pode se apresentar tanto como detonador quanto como manifestação de um processo já instalado de emergência espiritual motivado por outras causas, incidindo concomitantemente sobre o indivíduo.
Embora a dimensão espiritual seja prejudicada devido ao potencial destrutivo do uso de determinadas substâncias, pode-se descrever o vício como um tipo de emergência espiritual já que, por trás do consumo de substâncias, há uma busca de transcendência e totalidade, ainda que quase sempre mal sucedida.

Por outro lado, a utilização de substâncias psicodélicas por diversas civilizações e sociedades ao redor do mundo, desde a Antiguidade até hoje, aponta para seu potencial transformador antes e durante uma emergência espiritual. Quanto ao álcool e ao sem-número de substâncias tóxicas, com evidentes efeitos nocivos ao indivíduo, ainda que não tragam serenidade e insights importantes, promovem alguma sensação de dissolução das fronteiras individuais e amenizam emoções perturbadoras, como afirma William James:

A influência do álcool sobre a humanidade é inquestionavelmente devida ao seu poder de estimular as faculdades místicas da natureza humana, geralmente esmagadas pelos fatos e críticas duras das horas sóbrias. A sobriedade diminui, discrimina e diz não; a embriaguez expande, unifica e diz sim. (JAMES apud GROF, 2000, p. 168-169)

Sobre a relação entre a drogadição e a busca da transcendência, bem como a distinção entre o uso controlado de determinadas substâncias para fim de expansão da consciência e a dependência que promove o torpor e a intoxicação, falaremos mais detalhadamente no próximo capítulo.

3 Drogadição como emergência espiritual

3.1 O uso de substâncias psicodélicas para acesso a estados holotrópicos de consciência

Antes de nos debruçarmos sobre a dependência química e seu potencial transformador enquanto modalidade de emergência espiritual, faz-se necessária, de antemão, a distinção entre o uso de substâncias psicodélicas, aquelas utilizadas em rituais de ascensão a estágios elevados de consciência, e a drogadição através de substâncias narcotizantes e entorpecentes.
Stanislav Grof dedicou grande parte da sua vida aos estudos sobre as implicações dos estados não-comuns de consciência, motivados por diversas experiências transcendentais, dentre as quais o uso de substâncias químicas de efeito psicodélico. Suas investigações neste terreno tiveram início em 1956, no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Praga, quando, ainda recém-formado em medicina, entrou em contato com a Dietilamida do Ácido Lisérgico, o LSD, substância sintetizada no Laboratório Sandoz, na Suiça.

À época, os efeitos ainda desconhecidos, mas já surpreendentes do LSD sobre a psique provocavam o fascínio e a inquietude de toda a comunidade psicanalítica. Foram recrutados voluntários para pesquisas com a nova substância, dentre os quais estava Grof. A experiência por que passou sob o efeito psicodélico do LSD marcou para sempre a vida e a trajetória profissional de Grof, como ele mesmo descreve:

Há mais de quarenta anos, uma poderosa experiência, que, no relógio, durou apenas algumas horas, modificou profundamente minha vida pessoal e profissional. Quando era um jovem residente de psiquiatria (...) fui voluntário para uma experiência com LSD (...). Essa sessão, e particularmente seu período de culminância, durante o qual tive uma experiência de consciência cósmica, esmagadora e indescritível, despertaram em mim um interesse intenso e vitalício em estados não-comuns de consciência. Desde então, a maior parte de minhas atividades clínicas e de pesquisa consistiram da sistemática exploração dos potenciais terapêuticos, transformadores e evolutivos desses estados. (GROF, 2000, p. 9)

Não demorou para que Grof iniciasse um programa de estudos sobre o as implicações da nova substância na consciência, através do qual pode verificar muitas relações e semelhanças entre as experiências alcançadas através da administração de substâncias psicodélicas e os episódios místicos e transcendentais relatados por povos e culturas ligados às tradições espirituais.

Já nos Estados Unidos, integrou Centro de Pesquisa Psiquiátrica Maryland, último programa de pesquisa psicodélica sobrevivente, na época em que a proibição do LSD naquele país retardou as pesquisas sobre o potencial terapêutico de substâncias psicodélicas.

Devido à proibição do uso de LSD, Grof enveredou por outros processos através dos quais seus pacientes pudessem acessar estados não-comuns de consciência prescindindo da administração de substâncias exógenas. Daí surgiu a respiração holotrópica, técnica respiratória que em muito se assemelhava ao LSD no tocante às experiências transcendentais que era capaz de despertar.

A partir de então, Grof passou a experimentar e desenvolver uma variedade de técnicas e experiências capazes de elevar os indivíduos ao que ele chamou de estados holotrópicos (GROF, 1992). O termo holotrópico, formado pelos termos gregos holos (totalidade) e trepein (ir em direção a algo), designa aquilo que se orienta para a totalidade, para a inteireza. Os estados holotrópicos, portanto, são aqueles em que, segundo Grof (2000, p. 18), ―podemos transcender as fronteiras do ego corporal e reivindicar nossa identidade total‖.

A partir de sua investidura no campo da antropologia, Grof entrou em contato com uma variedade de rituais, praticados ao redor do mundo e ao longo da História, muitos deles conduzidos a partir da administração de substâncias psicodélicas de naturezas e propriedades diversas, todas elas utilizadas para fins de obtenção de estados holotrópicos de consciência:

A lendária poção divina conhecida como haoma no antigo Zend Avesta Perda e soma na Índia era usada pelas tribos indo-iranianas há vários milênios e foi, provavelmente, a fonte mais importante da religião e da filosofia védicas. Preparações de diferentes tipos de cânhamo têm sido fumadas e ingeridas sob diferentes denominações (haxixe, charas, bang, ganja, kif, maconha) nos países orientais, na África e na região do Caribe para recreação, prazer e durante cerimônias religiosas. (...) Plantas que alteram a mente com muita eficácia eram bastante conhecidas em várias culturas indígenas pré-hispânicas – entre os astecas, maias e toltecas. As mais famosas entre elas são o cacto mexicano peiote (lophophora williamsii), o cogumelo sagrado teonanacatl (psilocybe mexicana) e ololiuqui, sementes de diferentes variedades de plantas trepadeiras (ipomea violacea e Turbina corymbosa). (...) A famosa ayahuasca, yajé ou santo-daime sul-americana é uma decocção de um cipó da selva (banisteriopsis caapi) combinado com outras plantas. (...) Tribos aborígenes na África ingerem e inalam preparados da casca do arbusto iboga (tabernanthe iboga).

Os avanços da psicofarmacologia permitiram, ainda, a produção em laboratório de substâncias psicodélicas puras, isoladas de plantas ou sintetizadas. Obviamente, o interesse de Grof recaiu sobre substâncias que atuam positivamente na psique, proporcionando estados elevados de consciência com potencial de cura ou transformação. A administração moderada e controlada dessas substâncias – através de sessões místicas, terapêuticas, recreativas ou ritualísticas – é vista por Grof como uma ferramenta positiva para o alcance de estados não-comuns de consciência que favoreçam a emergência de conteúdos psíquicos.

O consumo de substâncias tóxicas como o álcool e os narcóticos, por outro lado, devido à incapacidade de provocar estados não-comuns de consciência favoráveis a processos de cura e transformação, são uma ―busca mal direcionada pela transcendência‖ (Grof, 2000, p. 117). Diferentemente das substâncias de efeito psicodélico, o álcool e os narcóticos incitam estados de consciência nebulosos, dos quais seus adictos não podem facilmente se livrar, por conta da grande predisposição à dependência química e psicológica que essas substâncias carregam.

Sobre o álcool e os narcóticos, Grof diz que:

(...) entorpecem os sentidos, turvam a consciência, interferem com as funções intelectuais e produzem anestesia emocional. Os estados transcendentais caracterizam-se por um grande aumento de percepção sensorial, serenidade, clareza mental, abundância de insights filosóficos e espirituais, uma riqueza incomum de emoções.

As substâncias psicodélicas auxiliam, num processo terapêutico transpessoal, em significativas mudanças em áreas sensoriais e, ao contrário do álcool e dos narcóticos,
não debilita o intelecto, o que permite que relevantes insights psicológicos sobre dificuldades emocionais e dinâmicas do inconsciente possam emergir à superfície da consciência.

http://www.grupoomega.org/site/images/grupo-omega/monografias/monografia-eliziane-rosa-lassmann-a-dependencia-quimica-a-luz.pdf
Qual a linha de trabalho em que se realiza o tratamento?


Modelo Sistêmico Familiar Transpessoal, associado aos doze passos de Alcoólicos Anônimos e de Narcóticos Anônimos, com objetivo de criar condições para que o dependente reencontre o verdadeiro significado e sentido da vida. Diferente da proposta de redução de danos, nossa meta é alcançar a abstinência total. Através do processo terapêutico, o usuário é despertado a olhar para dentro de si, encontrando na sua essência, valores e, na família, força para desenvolver um projeto de reconstrução consciente de vida pessoal, familiar e profissional.


SERVIÇOS OFERECIDOS:

  • Tratamento ambulatorial individual para dependentes e familiares;
  • Acompanhamento monitorado por exames toxicológicos; 
  • Grupos terapêuticos para usuários e familiares;
  • Reike
  • Curso de prevenção voltado para pais e educadores;
  • Curso de Formação em Dependência Química, voltado para profissionais de saúde, educação e demais interessados no tema;
  • Parcerias com empresas para a criação de políticas de prevenção, intervenção anti-drogas e encaminhamento de funcionários e familiares para tratamento;
  • Consultoria às escolas, condomínios e demais segmentos de comunidades para política de prevenção ao uso e abuso de drogas;
  • Assessoria às prefeituras para criação de Conselhos Municipais Anti-Drogas; 

Thursday, January 8, 2015



ALCOOLISMO
“A PATIR DESDE ANO NOVO NÃO BEBO MAIS”


O inicio de ano é um momento muito propício para tomada de novas decisões.Achegada de mais um  ano repleto de esperanças e novas oportunidades para todos faz com que a maioria das pessoas façam planos de mudanças de  velhos hábitos e comportamentos. É nesta hora  que se houve aquelas frases “ A partir  desse ano eu não BEBO MAIS!

È assim que se descobri que deixar de lado a bebida alcoólica não é  simples assim!

 Sabemos que o álcool é disparado a drogas que mais prejuízo tem causado a sociedade, seja na dimensão social ou na Saúde publica, causando conseqüências irreparáveis a sociedade de um modo geral. Ai fica uma pergunta. Porque ela causa tantos danos? Eu, particularmente, penso que é devido ser uma droga licita, e porem transformou-se numa droga social, que muitos iniciam-se em idade precoce. Por ser também uma droga licita, torna-se impossível o controle, a fiscalização por fim, a aplicação da Lei.

A palavra alcoolismo é conhecida de todos. São poucos, porém, que sabem exatamente o seu significado. Portanto, vamos lá.

O alcoolismo, também conhecido como “síndrome da dependência do álcool”, é uma doença caracterizada pelos seguintes elementos:Compulsão: uma necessidade forte ou desejo incontrolável de beber;Perda de controle: a inabilidade freqüente de parar de beber, uma vez que a pessoa já começou;Dependência física: a ocorrência de sintomas de abstinência, como náusea, suor, tremores e ansiedade, quando se pára de beber após um período bebendo muito. Tais sintomas são aliviados bebendo álcool ou tomando outra droga sedativa;tolerância: a necessidade de aumentar a quantia de álcool para sentir-se “alto”.

A natureza do tratamento depende da gravidade do alcoolismo do indivíduo e dos recursos disponíveis na comunidade. O tratamento pode incluir a desintoxicação (o processo de retirar o álcool do sistema de uma pessoa com segurança); tomar medicamentos receitados pelo médico para ajudar a evitar o retorno à bebida, uma vez que já parou; psicoterapia individual e/ou em família.

Há tipos de tratamentos promissores que ensinam a recuperar dependentes de álcool e a identificar situações e sentimentos que levam à necessidade de beber e de descobrir novas maneiras de lidar com a ausência do álcool. Quaisquer destes tratamentos podem ocorrer tanto em um hospital, como em sua própria residência  (o paciente fica em sua casa e vai às consultas,  nos  dias determinados).

O envolvimento com a família é importante para a recuperação, muitos programas oferecem terapia individual e terapia familiar como parte do processo de tratamento. Alguns programas podem oferecer para os dependentes recursos vitais da comunidade como a assistência legal, treinamento de trabalho, creche e aulas para pais.

A oferta dos conhecimentos sobre os perigos do uso do álcool e  uma vida sadia e prazerosa são os elementos principais para garantir a redução dos problemas causados pelas drogas a níveis psíquico e biológico e social.

 Se você tem problemas com álcool, não prometa nada a ninguém, lute para não beber o primeiro gole, mantenha-se,sóbrio,Só por Hoje, um dia de cada vez,não procure uma formula salvadora e principalmente não torque uma bebida por outra que você ache menos severa,não tenha inveja de quem pode beber ser ter problemas, cada pessoas é única .

Uma vez alcoólico sempre alcoólico. Se evitar o primeiro gole sua vida se torna mais feliz.
Então se você decidiu para de beber, persista, não desista! Uma decisão certa pode transformar positivamente sua vida e a de sua família.