Monday, May 6, 2013

A FLOR DO SORRISO

A História de um Girassol - conto 

Era um imenso campo de girassóis que, desde as primeiras horas da manhã seguiam o sol, em seu trajeto pelo céu.

Eram flores belas, exuberantes, de um amarelo tão intenso que parecia que a luz do sol havia se infiltrado em suas pétalas. Mesmo quando o sol, em dias nublados, mal aparecia por entre as nuvens, as flores o seguiam com seus olhos, como se fosse por um único instante.

Mas havia uma planta, a única em todo o campo, que não era como as outras, que permanecia cabisbaixa durante todo o dia. 
Enquanto os outros girassóis ao seu redor se esticavam, a ponto de se libertarem das amarras, esse girassol ficava tão encolhido que os raios do sol mal lhe alcançavam.
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Sentia-se solitário toda vez que o sol surgia no horizonte e via seus companheiros voltarem seus olhos todos para o mesmo ponto enquanto ele baixava os seus, mirando suas raízes, que lhe prendiam ao chão.
Como desejava libertar-se, sentir-se livre e voar como os pássaros no céu, aproximar-se do sol, toca-lo e beija-lo, tal como um beija-flor faz com suas flores.

Numa manhã, quando o sol nasceu mais cedo e incidiu seus raios diretamente sobre o girassol, que, desprevenido, recebeu a luz diretamente em seus olhos, quase ficou cego, mas isso o despertou, pois há tempos não vislumbrava o sol, e quase se esquecera de sua forma, de sua luz, do quão caloroso ele pode ser. 
Ao olhar diretamente para o sol, o girassol tornou a se abaixar, e, abatido como estava, começou a chorar. 
E suas lágrimas transformavam-se em sementes, que caíam no chão. Tomado pelo pranto, o girassol não se deu conta de que, com o nascer do sol, os pássaros acordavam, saíam de seus ninhos, batiam suas asas e cantavam. 
Mas um pássaro, o único que observava a reação do triste girassol todas as manhãs, diferente dos demais, que passavam o dia a contemplar o sol, aproximou-se, mal batendo as asas e, ao ver suas lágrimas secas ao chão, pousou a seus pés.
O pássaro sabia o que afligia o girassol, então segurou, delicadamente, com seus diminutos pés, uma semente, abriu bem suas asas e alçou vôo.

A flor, ouvindo o bater de asas do pássaro, levantou os olhos e viu que em seus pés ele levava uma de suas sementes. 
Viu que o pássaro voava cada vez mais alto, passando por entre as nuvens, aproximando-se cada vez mais do sol. 
Ao chegar até ele, entregou a semente que trazia consigo.
O sol recebeu aquele presente e seus raios foram como um sorriso para a flor, que lá onde estava, plantada no chão, os recebeu como a uma benção, e a partir daquele dia passou a acompanhá-lo todos os dias, em sua caminhada pelo céu.

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