Monday, May 6, 2013

Drogas: proposta em debate


                                               

    Nos últimos anos temos assistido um intenso debate sobre a legalização de drogas no Brasil. A própria intensidade na qual este debate tem sido travado mostra que o assunto drogas produz um efeito nas pessoas que sentem-se levadas a ter muitas certezas e a ficar de um lado ou de outro da legalização.
    Levou-se mais de quarenta anos para que os países desenvolvidos identificassem os males causados pelo fumo de uma forma definitiva e outros vinte para implementar políticas que pudessem começar a reverter a situação. Esta lentidão sem reconhecer danos em algumas situações sociais faz com que mudanças no status de qualquer droga deva ser encarado com extremo cuidado, principalmente quando um aumento de consumo seja uma das possibilidades.
    Tenho escutado quase diariamente no consultório a afirmação entusiasmada de que a maconha vai ser liberada no Brasil e o maior argumento dos jovens é que o uso desta substância estaria relacionado com a liberdade e os direitos do cidadão em usar qualquer droga e que não seria função do estado interferir neste comportamento.
    "Ah! Liberdade e a Natureza juntas, que beleza!"
    Em psicoterapia venho acompanhando jovens com discursos liberais e com a vida desestruturada que frequentam as "bocas de fumo" e muitas vezes trocando as próprias roupas por um "fininho" (cigarro de maconha) e famílias adoecidas, reféns de uma situação que para a maioria é vergonhosa. Fazer o uso de maconha e outras drogas, defendendo esse discurso de forma banalizada vem trazendo prejuízos para todo um sistema social.
    O desafio do debate das drogas no Brasil não é se devemos afrouxar as leis da maconha, mas como fazer um debate informado e produzir uma política de drogas racional que possa ser avaliada constantemente. A implementação desta política não ocorre espontaneamente, mas com uma ação determinada de governo. Talvez seja inútil esperarmos por uma grande política nacional de drogas. Ações locais de governo poderiam fazer uma grande diferença. Os estados e municípios deveriam envolver-se nessas ações com a ajuda comunitária. A sociedade civil já está bastante mobilizada com o assunto álcool e drogas. É necessário agora que os governos democraticamente eleitos mostrem a sua capacidade de organizar uma resposta eficiente a um problema que afeta milhões de brasileiros.

Eliziane Rosa





Publicado no jornal Bahia Norte - nº 28, novembro de 2009

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