Monday, May 6, 2013

Dependência Química



    Sou colunista deste jornal e venho interagindo com você leitor no intuito de refletirmos sobre as questões relacionadas ao psiquismo, ou seja, ao crescimento do nosso "eu". Muitas vezes recebo e-mail de feedback da coluna refletindo o interesse sobre os temas tratados aqui, principalmente sobre drogas.
    Tenho me especializado no assunto no decorrer da minha caminhada como profissional e faço parte da equipe de especializados da UNIFESP-SP/UNIAD, formação esta coordenada por Dr. Ronaldo Laranjeiras que para mim é o maior especialista em dependência química do país.
    Neste modelo de trabalho com dependentes químicos a participação da família é fundamental. Os primeiros contatos com as drogas ocorre na adolescência, no período de diferenciação e tomada de autonomia dos adolescentes em relação aos membros da família.
    Permitir que cada membro da família possa falar de suas dificuldades, seus sofrimentos relacionais, num espaço terapêutico que evite a busca de culpados e sim realize um trabalho que se observe o aspecto funcional da dinâmica familiar, através desta ferramenta terapêutica se começa a dá um direcionamento no que estava desestruturado.
      Esse aspecto pode ser responsável por parte das dificuldades, mas é evidente que ele não é o único.
    Realizar esse trabalho com o sistema familiar também permite a prevenção dentro da família: irmão, primos e/ou outros que façam parte da convivência do paciente.
    Sabe-se que grande parte dos irmãos e irmãs dos dependentes estão arriscados a desenvolver um outro diagnóstico psiquiátrico: depressão, problemas na escola, anorexia ou mesmo dependência química.

    O trabalho junto às famílias em que um membro se encontra em condição de uso nocivo ou dependente de drogas permite que se trate a doença e não os sintomas, buscando o equilíbrio de todos os membros.

     Na terapia de família, o portador de sintoma é visto como aquele que é designado e é responsável por denunciar uma desestrutura familiar. Ele escolhe o sintoma por razões até particulares, mas ativa este sintoma com o intuito inconsciente de mexer com todas as relações interpessoais. Conforme a caracterização do paciente ele pode passar de dependente da substância a dependente da relação desestruturante.
     No tratamento de dependência química, se faz necessário diversas formas de manejo terapêutico como: testes toxicológicos, em alguns casos acompanhamento psiquiátrico para entrar com medicação para contenção dos sintomas de abstinência, trabalhos de respiração, palestras para aumentar a reflexão sobre o assunto e dinâmicas de grupo familiar. Este modelo de terapia é uma interessante opção de tratamento para famílias em que um dos membros é dependente, com a finalidade de perceber cada família de forma única.
    O objetivo desse trabalho é permitir aos grupos em situação de sofrimento uma solução que atenda a todos de maneira positiva. Desta forma, com a capacidade auto-curativa restaurada, as famílias podem prosseguir em seu desenvolvimento natural.

Eliziane Rosa






Publicado no jornal Bahia Norte - nº 32, março de 2010

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